Um cenário de enchente pode trazer muitas sensações aos moradores de uma cidade, mas, para quem vive em uma área de risco, os efeitos na saúde mental são ainda piores.
É o momento de administrar tudo o que se está vivendo, o abalo emocional pode trazer problemas de saúde se não for administrado.
O psicólogo Jones Dias explica que a expectativa de enchente normalmente gera estímulos à ansiedade, principalmente diante da possibilidade de prejuízos materiais. Sem contar, também, sentimento de insegurança quanto ao futuro.
“Ser afetado pela enchente pode significar a perda de referências socioafetivas. Ter que abandonar a moradia para salvar a própria vida pode gerar sofrimento intenso, tendo em vista o apego que existe na moradia. Nesses casos, o indivíduo vivencia um período de luto, mesmo não tendo ocorrido a perda de algum ente querido, mas por perder algo importante para si, que é a casa”, explica
“As perdas mexem com a estrutura emocional, familiar e financeira das pessoas que levaram a vida toda para construir suas casas e um patrimônio, que é destruído por uma onda de enxurrada e inundação momentânea. Por essa razão que muitas caem no desespero e adoecem mentalmente”, completa.
Fique atento:
Sintomas como choro fácil, tristeza, medo excessivo, doenças psicossomáticas, agitação, irritação, nervosismo, culpa, desorientação, ansiedade, taquicardia, sudorese e insegurança podem indicar sofrimento emocional, que pode levar ao desenvolvimento ou agravamento de transtornos mentais. Em situações de crise, a maioria da população afetada apresenta sintomas de estresse. Estas reações apresentadas são consideradas normais, tendo em vista a intensidade das experiências vividas.
Os sintomas serão mais ou menos persistentes, de acordo com o tipo de evento vivido e com a resiliência particular de cada pessoa. Assim, até 72h depois do evento a reação de estresse é normal, com sintomas como taquicardia, sudorese, hiperatividade, aflição, agressividade, agitação desordenada, fuga, pânico, crise emocional, incapacidade de reagir e paralisia.
Até três meses depois do evento ocorre a fase de assimilação, em que o estresse agudo pode estar presente com evitamentos, reação ansiosa, revisão do desastre e dissociação.
Após três meses do evento, pode estar presente sintomas associados a ansiedade e depressão, transtorno de comportamento, transtornos somáticos.
Boas Práticas:
Fale com pessoas de confiança na família, amigos e comunidade; busque profissionais que lhe escute, aconselhe e apoie. Tente contar com o apoio dos seus colegas de trabalho, compartilhando suas emoções e reações. É importante ter consciência do próprio estresse, reconhecendo os sinais, administrar, pedir ajuda; estar atento a mudanças de hábitos, atitudes e reações em si mesmo e nos outros; lembrar que problemas físicos (dor de cabeça e lombares, alterações gastrointestinais) podem ser sinais de estresse. É impossível cuidar do outro sem cuidar de si mesmo.
Evite:
Apesar de ser importante informar-se regularmente sobre os acontecimentos, recomenda-se evitar estar o tempo todo escutando as notícias, visto que o excesso de informação pode aumentar a ansiedade.
Busque ajuda
Buscar apoio psicológico após uma enchente pode ser essencial. Não é saudável tentar resolver os problemas sozinho diante de uma situação de calamidade pública.
A equipe de Saúde Mental Adulto (ESMA): presta atendimento ambulatorial especializado em saúde mental para adultos. O acesso é por encaminhamento feito pelas unidades de saúde, internações hospitalares, emergências em saúde mental e outros serviços especializados. Atualmente, são nove equipes:
- ESMA NEB: Rua Rodrigues da Costa, 11, bairro Sarandi – (51) 3289-8230.
- ESMA NHNI IAPI: Rua 3 de Abril, 90 (Posto IAPI – área 13), bairro Passo d’Areia – (51) 3289-3407.
- ESMA NHNI Navegantes: Avenida Presidente Franklin Roosevelt, 5, bairro Navegantes – (51) 3289-5510.
- ESMA Centro: Rua Capitão Montanha, s/n, 2º andar, Centro – (51) 3289-2962.
- ESMA GCC: Avenida Oscar Pereira, 3.391, bairro Cascata – (51) 3289-8258.
- ESMA SCS: Rua João Pitta Pinheiro Filho, 176, bairro Camaquã – (51) 3289-5609.
- ESMA RES: Rua Abolição, 850, bairro Restinga – (51) 3261-7793.
- ESMA LENO: Rua Marieta Menna Barreto, 210 , bairro Alto Petrópolis – (51) 3289-8262.
- ESMA PLP: Rua Tobias Barreto, 145, bairro Partenon – (51) 3289-5776.
Fonte:
Secretaria da Saúde do RS